Além de garantir um charme extra e muito sabor às preparações, as concorridas frutinhas vermelhas esbanjam nutrientes e fazem bem para a saúde e para a alma

Elas são o toque especial em qualquer prato – ou, se preferir, a cereja do bolo! Sim, as concorridas frutinhas vermelhas são sinônimo de festivos momentos entre familiares e amigos, ajudam a tornar as mais diversas receitas em pratos muito saborosos e sofisticados. Mesmo in natura, fazem toda a diferença em arranjos apetitosos para uma mesa caprichada. Quem resiste? Tão versátil quanto deliciosa, vai muito bem em receitas doces ou salgadas, podendo ser consumida em compotas aromatizadas com especiarias, tanto no acompanhamento de carnes assadas como em sorvetes, e já existem, até mesmo, vinhos à base de cereja! Paixão universal, hoje já são produzidas mais de 2,5 milhões de toneladas da fruta por ano.

Delícia que veio do frio

Não adianta reclamar: no Brasil, ainda não dá para plantar aquele pé de cerejas no jardim ou no quintal e colher seus frutos, pois ele não resiste ao nosso clima tropical. Originária da Europa e da Ásia, para poder germinar a planta, precisa, ao menos, de 1000 horas de frio abaixo de 7 °C por ano, mas todo o seu ciclo vital depende muito deste clima invernal. Por conta disso, hoje os principais produtores de cereja estão nos Estados Unidos, Japão, Chile, Canadá, Argentina e países europeus como Portugal. Aliás, é em terras portuguesas que cresce a rodo uma das espécies mais conhecidas de cerejas, a ginja, com a cor mais escura e mais ácida, usada principalmente em conservas e bebidas licorosas. Já a cereja doce é a que consumimos com maior frequência por aqui in natura, com polpa mais firme e mais avermelhada. Outra espécie muito famosa é a cereja marasca, encontrada com maior frequência na Croácia, onde é a base do licor marrasquino, usado na produção da versão em calda da fruta.

A denominação cerejeira se refere, na verdade, a várias espécies de árvores de clima temperado, algumas frutíferas e outras que fornecem a madeira nobre para variados fins, mas todas apresentam belíssimas flores e atingem seu esplendor na primavera – e esse, sim, é um espetáculo que podemos conferir por aqui também, com a adaptação de algumas variações ao nosso clima. Leva, em geral, de uma a duas décadas para atingir seu pleno desenvolvimento. É uma planta rica em simbolismos, especialmente no Japão, onde é conhecida como sakura, e há até mesmo uma celebração, o Hanami, famosa mundialmente, em que moradores e turistas encantados se reúnem em torno dos parques e campos de cerejeiras para apreciar a floração. Segundo os preceitos japoneses, é um período propício para refletir sobre a vida e sua efemeridade, representada pelas flores de cereja, que duram apenas três dias. As árvores, contudo, são muito resistentes: acredite, existe um exemplar com mais de dois mil anos! Fica no templo budista Jissou, localizado em província, a cerca de 100 quilômetros de Tóquio.

Geléia de cereja
Pequena em tamanho, gigante em benefícios

Pode consumir suas cerejas com tranquilidade. Além de muito saborosas, pesquisas científicas realizadas nas últimas décadas revelaram que a frutinha é poderosa para a saúde, proporcionando excelentes ganhos nutricionais e prevenindo ou ajudando a combater uma série de doenças. Algumas delas são a artrite, a gota e o reumatismo, já que as cerejas contêm antocianinas, com efeitos anti-inflamatórios, e são ricas em ácido salicílico. Todos os tipos possuem, em grande quantidade, vitaminas A, B e C, além de cálcio, ferro e fósforo. Pouco calórica, ainda tem propriedades diuréticas e laxativas, colaborando, também, para a saúde do coração, ao reduzir fatores de risco em distúrbios cardíacos, como o colesterol.

Outro componente importante da cereja é o betacaroteno, presente na frutinha em quantidades quase 20 vezes maiores que em mirtilos e morangos, com ótimo efeito para a saúde dos olhos. Outros destaques desta preciosidade do nosso cardápio são a melatonina, hormônio que ajuda a regular os ciclos de sono, e o triptofano, aminoácido que auxilia na produção de serotonina, influenciando positivamente no nosso humor, no estresse, na ansiedade e na depressão. Não é tudo de bom? Só não vale exagerar. Cerca de 20 cerejas in natura é a quantidade diária recomendada, consumidas, preferencialmente, com as cascas.

Cereja Marasca
Como escolher e conservar

Na hora de comprar suas cerejas frescas, prefira as maiores, com casca brilhante, firmes e, ainda, com os cabinhos bem unidos à fruta e verdes, o que indica seu frescor. Armazene sempre na geladeira, em sacos plásticos herméticos e, a exemplo dos morangos, deixe para lavar apenas na hora de consumir ou de usar nas preparações, já que são bem sensíveis à umidade. Para não guardar por muito tempo, já que isso causa a perda da vitamina C, você pode adquirir em grandes quantidades e congelar. Para isso, lave bem as cerejas, seque com papel-toalha e leve-as espalhadas em uma forma forrada com papel-manteiga ao freezer, deixando congelar por completo. A seguir, coloque-as em sacos plásticos apropriados para alimentos e guarde-as de volta no freezer. Para descongelar, deixe na geladeira. E, se pretende usar em pratos e combinações, não se esqueça de remover os caroços antes de congelar e secar bem.