O Universo de cores criado pelo artista plástico Rafael Jonnier

Há alguns anos, as ruas de Cuiabá vêm ganhando um colorido especial, realçado por figuras e cenários oníricos capazes de despertar a simpatia do público. O personagem Pescador de Sonhos foi um dos primeiros a despontar na galeria a céu aberto proposta pelo artista plástico Rafael Jonnier.

Encabeçado pelo Pescador de Sonhos, o universo criado por Jonnier, ainda, daria espaço a outros personagens carismáticos como a Princesinha do Rio, Adob Dog, Animais Psicodélicos e o Pássaro Pitaya. Em 2018, esta série rendeu ao artista sua primeira exposição individual, que o lançou em voos ainda mais ousados.

No mesmo ano, o artista foi selecionado para integrar residência artística na Europa. Lá produziu diversas obras para a exposição Origins, tendo como cenário a encantadora e animada capital da Holanda, Amsterdã. De lá para cá, Jonnier não parou mais de se reinventar.

Num breve panorama, a trajetória de Rafael Jonnier, nascido em Cáceres, iniciou-se com o artista pintando no estilo Pop Art, passou pelo grafite e deixou sua marca nas ruas do Centro Histórico da capital mato-grossense. Inovou e agregou às suas exposições novas tecnologias de imersão, como a realidade aumentada, que permitiu ao observador uma experiência sensorial ainda mais singular.

Rafael Jonnier desenha desde criança, mas só passou a se dedicar à arte depois de migrar para Cuiabá, quando tinha 21 anos. Conta que se mudou para a capital para fazer o ensino superior e, já no meio do curso, começou a produzir alguns trabalhos artísticos. O que se intensificou quando se instalou na famosa Rua 24 de Outubro, onde teve um escritório junto a uma amiga.

Iniciou sua carreira sabendo que não seria fácil viver do seu trabalho como artista. Ele tinha dois grandes desafios: desenvolver uma identidade artística e ingressar no mercado da arte.

É certo que, uma das principais características da arte contemporânea é a versatilidade, compreendida em toda sua incrível capacidade de inovação. Premissa levada muito a sério por Rafael Jonnier, que tem, na tecnologia, uma forte aliada,  fonte de transmissão e interatividade do público com sua obra. 

“Vai além, é uma fonte de inspiração mesmo. De uma forma ou de outra, a tecnologia sempre esteve presente no meu trabalho. Cada vez mais necessária, do processo criativo ao processo de produção e comunicação, tudo envolve a tecnologia. Estou sempre pensando em proporcionar o máximo de emoção para o público, tento mantê-lo conectado, às vezes, o levo para uma experiência dentro da arte, literalmente”, revela.

Aos 29 anos de idade, ele avalia que, ao apostar na tecnologia, também aproxima a produção artística das novas gerações. “A juventude tem sede de conhecimento, de experimentações diferenciadas. É um ótimo atrativo. Espero que essa experiência se torne uma referência.”

Jonnier estudou Designer, o que o ajuda na concepção e edição das peças. Entre outras projeções, o artista utiliza pesquisa de mercado para desvendar o desejo do público. Desta forma, o artista descobriu novos nichos e possibilidades, abrindo espaço, assim, para empreender. 

Jonnier Art Gallery

Em março de 2021, será lançada a Jonnier Art Gallery, um espaço localizado na Avenida Estevão de Mendonça que proporcionará uma experiência ainda mais imersiva às coleções e instalações do artista.

“Uma experiência totalmente nova para o público, com visitas agendadas e monitoradas, espaços interativos e conectados, uma imersão audiovisual com coleções temáticas e exposições comemorativas. Queremos recriar um cenário artístico em Mato Grosso que faça parte da rota das artes no mundo”, adianta. 

O artista recorda que, quando esteve na Holanda, chegou o momento em que teve que escolher entre continuar na Europa ou voltar para o Brasil. Para continuar no velho continente, teria que trabalhar em outras atividades para poder seguir pintando aos fins de semana. Assim, estaria se distanciando de seu objetivo principal.

“Então, decidi voltar, mas trabalhar com outra visão, de um empreendedor e não de artista apenas. Voltei com técnicas novas e decidi ser o melhor, ou estar entre os melhores. É complicado pintar, cuidar de agenda, atender clientes, cuidar das finanças. Hoje minha esposa, Aline Herane, cuida da minha agenda, é minha produtora, meu financeiro, meu anjo da guarda. Tenho dois ajudantes aprendizes que me auxiliam muito também. Posso dizer, com orgulho, que sou empresário da arte.” 

Bem como seu mais célebre personagem, o Pescador de Sonhos, Rafael busca, inquieto, ampliar, a cada dia, o que ele chama de “Universo Jonnier”, que vai além do mundo onde vivem seus carismáticos personagens oníricos. 

“Nossa vida é permeada por sonhos, e a pessoa que não sonha, não realiza. Meu propósito de vida é ensinar arte para crianças. Não sei quando vou partir, mas quero deixar um legado para a humanidade, não quero ser um mero pintor e ser lembrado pela minha arte, apenas. Meu público é a nova geração, se eu conseguir influenciar uma única criança, ficarei em paz. Deus me deu o dom de pintar. Usar isso para ajudar e impactar, positivamente, a vida das pessoas é incrivelmente gratificante”, conclui.