Chef Marcelo Cotrim destaca uma das receitas que faz mais sucesso no tradicional “tchá co’bolo”, costume que é marca registrada da hospitalidade e simpatia do povo mato-grossense

Leve, com sabor marcante, derrete na boca, fácil de preparar e mais fácil ainda de se apaixonar. É o bolinho de queijo cuiabano, uma das estrelas do tradicional ritual do tchá co’bolo, costume tão presente nos lares de Cuiabá para receber familiares e amigos queridos. Inspirada no chá das cinco de origem europeia, mas muito apropriadamente identificada na pronúncia típica do dialeto regional, essa confraternização traduz em sabores toda a hospitalidade e a simpatia do povo mato-grossense. É uma receita tão especial que, além de levar para todos os eventos gastronômicos que divulgam a culinária local, o chef Marcelo Cotrim fez questão de compartilhar também com os leitores nas redes sociais do BigLar.

“Aprendi essa preparação com a Dona Eulália, uma das quituteiras mais famosas de Cuiabá, pela qual tenho grande carinho e admiração, mas é uma receita que sem dúvida passa de geração para geração entre todas as talentosas cozinheiras da cidade, símbolo das tradições familiares da região há décadas, junto com o bolo de arroz, outro destaque do tchá co’bolo”, explica Cotrim. “É um petisco tão gostoso e acompanha tão bem tanto o chá quanto o cafezinho, que por aqui já ganhou também espaço no café da manhã e no lanche, afinal, qualquer hora é perfeita para receber com um agrado e muito afeto quem a gente gosta!”, diz o chef.

Cotrim lembra que um dos principais segredos do bolinho de queijo cuiabano é o tipo do queijo usado na elaboração. “O queijo meia cura garante um paladar único para a receita, porque tem uma maturação bem lenta, de pelo menos duas semanas, o que faz com que não fique nem fresco e nem exatamente curado, mas consistente por fora e macio por dentro, com sabor bem marcante”, ressalta. “É esse ingrediente que vai garantir que o petisco fique muito parecido com o das quituteiras tradicionais cuiabanas, com os melhores resultados”, completa.

Você sabia?

O hábito do chá das cinco, tão característico entre os ingleses, na verdade deve sua origem a D. Catarina de Bragança, única nobre portuguesa a se tornar rainha da Inglaterra. Filha do Rei D. João IV e da sua esposa D. Luísa de Gusmão, Catarina se casou com o rei inglês Carlos II em 1662 e introduziu várias novidades entre os costumes da corte britânica, incluindo a preferência por beber chá. Claro que todo mundo queria copiar os costumes da rainha, não só para parecer sofisticado aos olhos da sociedade, mas também para tentar fazer parte do círculo de relacionamento da nobreza. Como resultado, até o final do século XVII a aristocracia já tinha adotado o chá das cinco.

Marcelo Cotrim
Chef

Marcelo Cotrim

Cuiabano, formado em Gastronomia, Pós-Graduado em Chef de Cozinha Brasileira, indicado ao Prêmio Nacional Dólmã como um dos três melhores Chefs de MT no ano de 2015. Estagiou nos Restaurantes Epice, do Chef Alberto Landgraf, e nos premiadíssimos Mocotó, do Chef Rodrigo Oliveira, Dalva & Dito e D.O.M. Restaurante, do Chef Alex Atala , todos em São Paulo - SP. Foi colunista gastronômico da Folha do Estado, luta pela valorização dos ingredientes e preparações regionais. É o Chef por trás da Cotrim Gastronomia, empresa que trabalha com eventos gastronômicos personalizados. Participante da 1ª temporada do Reality de gastronomia Mestre do Sabor, da Rede Globo. Atualmente, é consultor gastronômico responsável pelas receitas do Supermercado BigLar e realiza consultorias no Estado de Mato Grosso.