Doçura de infância

Em comemoração ao Dia das Crianças, pedimos aos nossos clientes amigos para que relembrassem as suas sobremesas da infância

O doce que a vovó preparava com todo o carinho nas férias ou aquele quitute compartilhado pela família no almoço de domingo são recordações especiais que marcam a infância. Estas guloseimas prediletas de nossa meninice, quando apreciadas já depois de adulto, têm o poder de nos transportar para aquela época. Esse efeito é chamado de memória gustativa, e as sobremesas têm um lugar cativo nesta “nostalgia gastronômica”.

Em comemoração ao Dia das Crianças, pedimos a sete de nossos clientes amigos para que relembrassem as sobremesas da infância. É interessante observar como são doces simples e, ao mesmo tempo, receitas quase “secretas”, preparadas principalmente em reuniões familiares e ocasiões especiais, passadas de geração a geração. Lembram a infância, os pais, as avós, as tias, a família, e como as pequenas complicações da vida eram esquecidas instantaneamente com um delicioso pedaço daquele nosso doce predileto.

Pé-de-moleque caseiro com rapadura e doce de laranja

Aluizio Gargaglione Povoas, cirurgião-dentista aposentado
Na casa dos meus pais sempre tinha doce, meu pai gostava muito. O pé-de-moleque era constante, feito com rapadura de massa e amendoim. E o doce de laranja era de casca da laranja em calda. Outro doce que faziam constantemente era o furrundum, que é de mamão com rapadura. As recordações são inúmeras e gratas, porque esses momentos praticamente não existem mais nas famílias brasileiras. No mundo moderno, os doces industrializados acabaram com tudo isso, infelizmente. 

Torta de creme com banana

Margareth Corrêa Lima Lopes, nutricionista
Minha querida mãe, Júlia, sempre demonstrou seu amor aos oito filhos e aos netos através dos seus quitutes feitos com afeto. E com esse grande amor, ela nos oferece sabores inenarráveis desde os mais simples pratos aos mais elaborados. Eu poderia listar vários inigualáveis, mas vou me ater à torta creme de bananas fritas, sobremesa preferida na minha infância e preparada pela minha mãezinha nos almoços de domingo. Até hoje, preparo-a para recordar esse delicioso sabor.

Bolo de abacaxi com chantilly

Jaqueline Candil, gastróloga
O bolo de abacaxi da minha tia Edna me lembra minha infância, meus primos, nossos encontros no final de semana no sítio. A certeza que tínhamos era de que teria o bolo de abacaxi. A massa úmida, com o recheio feito da forma mais simples e singela, com abacaxi cozido, em calda de açúcar, molhava aquela camadinha do bolo e ela finalizava com chantilly. Até hoje, ao fazer o bolo, ela manda fotos no grupo de WhatsApp da família. Comer o bolo dela, ou pensar nele, cria uma memória afetiva e me traz nostalgia, principalmente por nos lembrar daqueles que estavam conosco naquela época.

Doce de leite com coco e doce de abóbora com coco

Armindo de Castro Junior, advogado e professor de Direito Empresarial
Eu não era muito chegado em doce, mas o meu favorito era o doce de leite com coco, vindo em segundo lugar o doce de abóbora com coco. Quem fazia esse doce era a governanta de casa, em São Paulo, e uma lembrança que eu trago é que ela fazia esses doces de manhã e escondia debaixo da cama dela para que meu pai conseguisse comer na hora do almoço. Se ela não fizesse isso, eu e meus irmãos acabávamos com tudo.

Cachorrada (doce de leite coalhado)

Neide de Arruda Rondon, professora aposentada
Aprendi a fazer esse doce com a minha avó e minha mãe. A gente comia sempre, morávamos em fazenda e lá o leite era fartura. E por ser um doce, além de gostoso, era fácil de fazer, então a gente comia sempre. A gente convidava as visitas para almoçar e já oferecia a sobremesa. Para não deixar acabar a tradição, ainda hoje faço e dou uma provadinha. Eu falo para o meu neto que esse doce é do tempo da bisavó dele. Todos gostam, mesmo hoje, tendo inúmeros doces modernos.

Ovos nevados

Veronica Olavarria Malouf, empresária
Minha avó era mãe de cinco filhos e tinha 12 netos, então, nos almoços de domingo, todos os netos e filhos já esperavam esta sobremesa. A base dela é um merengue que lembra o pavê, só que um pouquinho mais mole, e ela batia a clara em neve até ficar com a consistência firme. Depois que essa clara era fervida no leite, ela ia depositando em cima do merengue. Chegava a ser quase um suspiro. Depois, minha avó colocava um pouquinho da calda da ameixa em cima de cada clara, uma coisa maravilhosa.

Pudim de leite condensado e banana assada

Benedito Carlos Arruda de Oliveira, engenheiro civil
Sou quarto filho e caçula de Armond e Iracema, e, apesar da infância modesta, nunca faltou nada em nossa casa. Para mim e meus irmãos, os pudins e as bananas assadas até hoje são as melhores sobremesas que degustamos em nossas vidas. As bananas assadas minha mãe fazia com tanto amor que, até hoje, são sucesso na minha família. Detalhe: éramos seis em casa, e cada um tinha sua banana, senão o bicho pegava. O único problema dessa receita: não sobra nem para os cachorros!