Vinhos sul-africanos são conhecidos pelo equilíbrio, pela diversidade, complexidade e qualidade

Com cerca de 340 vinícolas e 4.200 produtores, a África do Sul vem ganhando reconhecimento e espaço na tradição de viticultura. Prova disso é que o país está entre as 10 maiores regiões produtoras de vinho, sendo responsável por 4,5% da produção mundial. A Pinotage é sua variedade de uva mais marcante, criada no próprio país, por meio do cruzamento entre as uvas Pinot Noir e Cinsault. Raramente, é encontrada em outro lugar.

Seus rótulos são conhecidos pelo equilíbrio, pela diversidade, complexidade e qualidade. A região se destaca na produção, pois reúne características únicas. Tem um dos solos mais antigos do mundo, clima temperado – influenciado pelos oceanos Atlântico e Índico – e uma natureza exuberante. A maioria dos vinhedos está em regiões protegidas pela Unesco (no Cape Floral Kingdom). Atualmente, são exportados mais de 450 milhões de litros anuais, para mais de 80 países.

Com três séculos de tradição na produção de uvas, os holandeses foram os responsáveis por levar os primeiros vinhedos ao país africano, no século XVII. Esta produção ganhou força com os imigrantes huguenotes franceses, que desembarcaram na região do Cabo, com conhecimento francês sobre as principais técnicas e a tradição na viticultura. Durante o Apartheid, houve um retrocesso na produçãoe das uvas, que só voltou a ganhar força na na década de 1990. Em 12 anos, a produção saltou de 28 milhões de litros anuais para 218 milhões de litros. 

Diversidade de uvas

De acordo com Luiz Roberto C. Lima, sommelier da Cave Noble BigLar, o médico naval Jan van Riebeek, em 1659, plantou os primeiros vinhedos de Chenin Blanc, conhecida pelos sul-africanos como Steen, e da Muscat d’Alexandria, conhecida por lá como Hanepoot, produzindo vinhos ainda de forma muito rudimentar. 

“Simon Van der Stel, sucessor de Jan van Riebeek, em 1679, inicia o plantio de vinhas naquela que, hoje, é a principal região vinícola da África do Sul, Stellenbosch, nome dado em sua homenagem. Ele também iniciou o plantio na região de Constantia, importante até hoje. Foi lá que surgiu o primeiro grande vinho produzido fora do continente europeu, e para lá foi exportado massivamente, sendo o Vin de Constantia um vinho doce de sobremesa, que, no século XVIII, ficou muito famoso na Europa, principalmente depois que passou a ser o vinho preferido de Napoleão Bonaparte. Como podemos constatar, a cultura do vinho na África do Sul é bem antiga”, explica o sommelier.

Com um clima propício para a produção de uvas, o destaque, atualmente, são as castas Chenin Blanc, Colombard e Sultana – uvas brancas, que representam 55% da produção. Outras brancas merecem destaque como a Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling. Mas a África do Sul também produz espumantes e rótulos mais intensos. 

A poderosa Pinotage é a uva símbolo do país. A casta foi criada na própria região, em 1925, quando o professor Abraham Izak Perold, da University Stellenbosch, realizou o cruzamento entre as uvas Pinot Noir e Cinsault. Os vinhos elaborados com a uva Pinotage representam 20% da produção de tintos no país. São intensos e bastantes encorpados, com um aroma muito característico. 

É uma uva com casca grossa, polpa macia e cor intensa, quase preta, com maturação precoce. Na África do Sul, são encontradas três linhas deste vinho. Um rosado, mais barato e popular no cenário interno; um tinto frutado, com aroma de cassis, mirtilo e groselha, que harmoniza bem com embutidos, rosbife e suflê de queijo; e uma versão amadurecida em barrica, mais aromática, que relembra bem mais o Cinsault, com toques de aromas de amora, framboesa e especiarias, normalmente harmonizado com carnes vermelhas condimentadas, pimentão recheado.

A Pinotage, apesar do seu destaque, ainda está longe de ser a principal casta da África do Sul. As uvas tintas de origem francesa são as preferidas dos enólogos, sendo a Cabernet Sauvignon a principal e mais plantada, seguida pela Syrah e depois pela Merlot. A Cave Noble importa diretamente da África do Sul vinhos de três produtores modernos e que produzem vinhos deliciosos e irresistíveis, sendo eles: Survivor, Mensa e Balance. Aqui, sugerimos alguns vinhos para o nosso leitor desfrutar.