Uva de muitas qualidades

Originária da Península Ibérica, a uva Tempranillo tem amadurecimento rápido, fácil adaptação e já é produzida em vários países

Tinta Roriz, Aragones, Negretto e Valdepeñas são alguns dos nomes que a uva Tempranillo ganhou ao redor do mundo. Originária da Península Ibérica é uma casta de uva tinta que apresenta ciclo de crescimento curto. Seu nome, aliás, faz referência ao seu amadurecimento precoce. ‘Temprano’, termo em espanhol, siginifica ‘cedo’, em português.

A uva Tempranillo é cultivada em quase todas as sub-regiões produtoras de vinho da Espanha. A Tempranillo é a uva tinta que se destaca dentre as demais variedades cultivadas no país, onde também é conhecida por Cencibel, Tinta del País, Tinto Fino, Tinta de Toro e Ull de Llebre.

No Alentejo, em Portugal, a casta recebeu o nome de Aragonez. Em Douro e Dão, a uva foi batizada como Tinta Roriz. Na Itália é chamada de Negretto e, nos Estados Unidos, ganhou a denominação Valdepeñas. Além de Espanha e Portugal, a Tempranillo também é cultivada na Argentina, Estados Unidos, África do Sul, Austrália e Brasil.

Usada na fabricação de vinhos tintos, gera rótulos com boa acidez e pouco poder de oxidação, o que significa que podem ser envelhecidos por mais tempo. A uva Tempranillo é uma das castas que são permitidas na produção do tradicional vinho do Porto. Quando jovem, o vinho tinto feito com a uva Tempranillo apresenta aromas frutados de framboesa, cereja e morango. Já nos vinhos tintos envelhecidos, os aromas de geleia de frutas são predominantes, inclusive o de alcaçuz.

Entre os produtores que se destacam na fabricação de vinhos com a uva Tempranillo estão a vinícola espanhola Martinez Bujanda e a portuguesa Porta da Ravessa.

Características da Tempranillo

A Tempranillo se desenvolve em locais com diferentes altitudes. No entanto, como todas as uvas tintas, é favorecida com amplitude térmica do terroir e sobrevive melhor em terrenos secos e com altas taxas de insolação. Os melhores solos para seu cultivo são os pedregosos, os graníticos e os argilosos calcários, preferencialmente com baixa quantidade de matéria orgânica.

Essa casta resulta em vinhos tintos com acidez equilibrada, teor alcoólico de nível médio/alto, textura macia e taninos elegantes. Com cachos cilíndricos, compactos e de tamanho médio, seus frutos são caracterizados pela casca grossa e de coloração escura devido à grande quantidade de pigmentos.

Em regiões de clima quente, o calor ajuda a realçar sua coloração elevada, além de aumentar os níveis de açúcar. Já em temperaturas mais baixas, a acidez tende a se destacar, contribuindo para a elegância e equilíbrio do vinho. Sua colheita e vinificação ocorrem sempre antes das outras espécies tintas espanholas. Aqui no Brasil, a uva Tempranillo é cultivada na região de Campanha, no Rio Grande do Sul.

Além de gerar vinhos tintos, também pode ser encontrada vinificada em rosé. Seus vinhos, geralmente, são ricos e mesclam elegância com robustez; evidenciam a presença marcante de frutas vermelhas e sabor picante; são aromáticos, bem estruturados e desenvolvem complexidade com a idade e com amadurecimento em barricas de carvalho. Na Espanha, essa variedade desenvolve aromas de frutas vermelhas e nuances de couro.

Com muitas qualidades que garantem aos vinhos cores, aromas e taninos únicos, a Tempranillo tornou-se símbolo das melhores bebidas. Um ponto muito importante é a sua resistência à oxidação, atributo que garante a longevidade do produto. Em geral, o teor alcoólico dos vinhos Tempranillo varia entre 13 e 14%. Sua principal característica é a textura envolvente, sedosa e macia, com taninos redondos. Em rótulos mais complexos, a textura aveludada e a alta densidade garantem elegância. 

Quando jovens, os vinhos de Tempranillo costumam revelar aromas mais tímidos, tendenciando para as notas frutadas. Quando passam pela maturação em barricas de carvalho podem desenvolver aromas como caramelo, baunilha, couro e frutas secas. 

Existem quatro classificações que designam os vinhos espanhóis de acordo com sua evolução: Jovem, Crianza, Reserva e Gran Reserva. Essas nomenclaturas podem ser encontradas nos rótulos e estão relacionadas ao tempo de maturação nas barricas e envelhecimento nas garrafas. Os Gran Reserva, por exemplo, passam por uma maturação mínima de 24 meses em barrica e o restante na garrafa.