O conceito de urban jungle ganhou fama com a geração millennial, mas logo se espalhou para outros públicos. Saiba como aplicá-lo e os cuidados necessários

Mais da metade da população mundial vive, hoje, em áreas urbanas, onde os prédios dominam as paisagens e há cada vez menos espaços verdes. Como mudar essa situação não é uma tarefa simples, e ao mesmo tempo o contato com a natureza se torna cada vez mais urgente e necessário, as pessoas passaram a levar para dentro de suas casas – e não importa a metragem – uma grande quantidade de plantas. Assim surgiu o movimento do urban jungle, que significa floresta urbana (ou selva urbana), em português.

Os precursores dessa tendência foram os millennials, nascidos entre 1981 e 1996. O fato é que eles possuem uma consciência ambiental maior, são mais ligados à natureza e engajados com causas ecológicas. A partir deles, a novidade se espalhou, atraindo um público diverso e que busca melhor qualidade de vida e beleza.

“O urban jungle envolve a necessidade de termos mais saúde e bem-estar nos ambientes de longa permanência. Há muito tempo as pessoas vêm colhendo os benefícios de uma arquitetura mais humanizada, isso é biológico. Quanto mais perto da natureza estamos, mais aumenta nossa sensação de bem-estar e mais nos sentimos com vontade de nos manter naquele local”, comenta a arquiteta Rafaela Zanirato, diretora do escritório Truvian Arquitetura, do Mato Grosso.

Usando plantas na decoração

Na prática, a introdução das plantas dentro dos imóveis, sejam eles apartamentos ou casas, não tem muitas regras. Tudo vai depender do espaço que se tem disponível e do efeito que se deseja atingir. Mas, normalmente, elas são colocadas em vasos e aí pode-se apostar em materiais e tamanhos diversos ou, então, seguir o mesmo padrão para ter um ambiente mais harmônico – e distribuídas pelo chão, em prateleiras, suportes e móveis e até penduradas no teto e nas paredes.

Também dá para montar jardins verticais e hortas e incrementar a decoração usando caixotes, tijolos, madeira, pedra e outros elementos criativos, interessantes, e que, de preferência, tenham a ver com o restante do imóvel. Entre os itens que Rafaela não indica para quem quer adotar o conceito é o uso de superfícies frias e lisas e plantas artificiais.

“Nada disso promove a sensação de bem-estar que queremos no ambiente, o toque e a textura que nos fazem querer ficar ali, o aconchego que esperamos quando chegamos em casa”, pontua.

Outra dica de ouro para quem está se familiarizando com o urban jungle é: vá com calma. “Sempre recomendamos começar aos poucos. Muitas vezes o cliente nos procura com a empolgação de contar com muitas espécies pela casa. Mas essa relação começa por um aprendizado, passo a passo”, indica a designer de interiores Roberta Saes, sócia no escritório Meet Arquitetura, de São Paulo.

Rafaela Zanirato

Diretora do escritório Truvian Arquitetura

“Quanto mais perto da natureza estamos, mais aumenta nossa sensação de bem-estar e mais nos sentimos com vontade de nos manter naquele local”

Escolha das plantas

Um ponto que precisa ser observado com cuidado na hora de montar uma floresta em casa é a escolha das plantas. Como não são todas que se dão bem em ambientes internos, antes de fazer a compra vale pesquisar sobre as suas características e as melhores condições para o seu desenvolvimento. No geral, algumas boas opções são samambaias, costela-de-adão, barba-de-serpente, jiboia, fícus e espada-de-são-jorge.

“No urban jungle, geralmente, não repetimos espécies. E, como a ideia é remeter à selva, a gente usa os vários tons de verdes e explora as texturas”, afirma a paisagista Rayra Lira, da empresa J Lira Green Life, do Rio de Janeiro. A arquiteta Rafaela complementa que é bacana apostar em plantas que sobrevivem na água. “Também acho ideal que os jardins entrem na casa, a fim de deixá-la mais fluida e os espaços internos e externos menos definidos.”

Mais um item que deve ser observado é onde as verdinhas serão colocadas, levando em conta que a maioria necessita de iluminação e ventilação. “Indicamos iniciar o acervo em áreas como varandas e salas de jantar e estar, de preferência próximos de janelas, que propiciarão ventilação e luz natural tão valiosas para elas”, aponta a arquiteta Flávia Nobre, sócia do Meet Arquitetura.

A especialista acrescenta que, sabendo dosar, também é possível alocar as plantas em espaços menos usuais, como banheiros e dormitórios. Basta escolher as certas para esses cômodos, que têm menos incidência de luz natural, e manter os cuidados adequados.

Mantendo as plantinhas bem cuidadas

E por falar em cuidados, o primeiro que se deve ter para garantir a saúde das vegetações é regá-las com frequência, mas sempre respeitando as necessidades de cada uma. Aqui, vale apostar em um truque para saber se está na hora de molhar: tocar a terra com os dedos. Se ela estiver seca, águe. Agora, se estiver úmida, espere mais um ou dois dias.

Além disso, é importante limpar as folhas periodicamente para tirar poeira e, assim, ajudar as plantas a respirarem melhor; e, para que fiquem “bem alimentadas”, o importante é retirar as folhas secas e não se esquecer da adubação – o produto utilizado pode ser químico ou orgânico e é preciso saber qual a periodicidade das aplicações e as quantidades indicadas.

Por fim, vale ficar de olho ao crescimento das plantas. A recomendação é checar periodicamente se a raiz está dominando o vaso e, caso esteja, fazer o transplante para um maior.
“Todo espaço merece sua dose de vida, seu pequeno vaso com plantas verdes. Dá menos trabalho do que parece. Basta escolher a espécie certa e lembrar que ela precisa de um pouco de luz, água, vento e alimento, assim como a pessoa que usa o espaço tem as suas necessidades”, conclui Rafaela.