O consumo do bacalhau já se enraizou nas tradições da festividade religiosa e rende muitas receitas para degustar com a família, em volta da mesa
A Páscoa, assim como todo feriado religioso, é carregada de simbologias, que se estendem até mesmo à mesa. A celebração da Páscoa pelas famílias brasileiras é uma das mais tradicionais do calendário. Época dos ovos de páscoa, de encenações da Paixão de Cristo, e claro, muito peixe.
O consumo de pescados aumenta consideravelmente na Páscoa, mas um deles, em específico, destaca-se, o bacalhau. A tradição do bacalhau no cardápio pascoal já é bem antiga e enraizada nos hábitos dos brasileiros.
Na quaresma – período de jejum de quarenta dias que antecede a Páscoa, que se estende da Quarta-Feira de Cinzas até a Quinta-Feira da Semana Santa –, os cristãos se abstém do consumo de carnes quentes e vermelhas.
Hoje em dia, entretanto, esta tradição é mais flexível, e alguns fazem esta renúncia apenas na Sexta da Paixão.
Como começou?
Antes de mais nada, é preciso entender que o bacalhau não é um tipo de peixe, mas, sim, um grupo de peixes que passa por um processo de cura por salga. Seu consumo começou com os vikings – povo que vivia na região onde hoje estão a Noruega e Islândia –, que usavam o peixe Gadus morhua (espécie mais nobre do bacalhau) como alimento de longa duração nas embarcações. Para tanto, o peixe era salgado, consequentemente desidratado até 1/5 de seu peso e armazenado. Outros peixes recebem a nomenclatura de bacalhau, como o brasileiro pirarucu, o escamudo, o zarbo, entre outras espécies menos comuns.
Mas a popularização do bacalhau se deu mesmo com os portugueses, que disseminaram a culinária do bacalhau desde o século XV, quando houve a necessidade de produtos alimentares que suportassem as longas travessias marítimas na corrida das descobertas. Na época do Descobrimento, os portugueses embarcaram aqui no Brasil o hábito de comer bacalhau. Mas foi com a chegada da corte portuguesa, no início do século XIX, que ocorreu uma difusão natural. A partir daí, o peixe salgado de sabor acentuado ganhou a graça do povo por aqui no país. Antes acessível e barato, o produto foi tendo seu preço elevado e hoje é amplamente consumido em duas festividades especiais, o Natal e a Páscoa.
Um peixe, várias receitas!
Receitas tradicionais cujo destaque é o bacalhau para o prato principal não faltam. Confira algumas delas, separe os ingredientes e reúna a família em volta da mesa!
Bacalhau à moda portuguesa: A mais tradicional receita de Páscoa leva batatas, ovos cozidos, azeitonas pretas e grão-de-bico. Na versão brasileira, alguns ingredientes são adicionados, como o pimentão, por exemplo.
Bacalhau à Lagareiro: Esta receita é originária da região de Beira Litoral, situada entre a capital Lisboa e a cidade do Porto. Lagareiro é o nome que se dá ao proprietário da unidade produtora de azeite ou vinho, e, o lagar, é o local onde as uvas ou as azeitonas são pisadas para obtenção do mosto ou do azeite. Não à toa, esta receita leva o bacalhau frito no azeite – que é usado em abundância.
Bacalhau à Gomes de Sá: Nesta receita criada pelo negociante de bacalhau português José Luís Gomes de Sá Júnior, o bacalhau é desfiado e amaciado em leite por até duas horas, sendo, depois, cozido com azeite, alho, cebola, azeitonas pretas, salsa e ovos cozidos.
Bacalhau à Brás: Neste prato, um ingrediente, em especial, ganha destaque e faz toda a diferença: a batata palha (que pode ser preparada de modo caseiro).
Bolinho de bacalhau
Um dos aperitivos prediletos dos brasileiros, embora não seja um prato principal, o bolinho é uma ótima forma de reaproveitar o que sobrou do bacalhau e transformar em algo delicioso.