Presença garantida na páscoa, a Colomba Pascal é uma iguaria em formato de pomba, massa aerada e sabor suave
Dentre as tradições alimentares da Páscoa, ao lado do bacalhau e ovos de Páscoa, está a colomba pascal. E, como todos os grandes símbolos de celebrações religiosas, têm lendas e histórias que tentam explicar um pouco os motivos de sua origem – é assim com o panetone, com a hóstia, com o hábito de não comer carne vermelha na Sexta-feira Santa –, não seria diferente com ela.
Segundo a lenda, o rei Alboíno, que governou a Lombardia no século VI, tomou a cidade de Pavia e estava decidido a queimá-la, quando recebeu, de um padeiro, um pão doce em formato de pomba da paz, o que amenizou o furor do rei e o fez desistir de prosseguir com a guerra. A iguaria que selou a paz era a colomba pascal, que se tornou um verdadeiro sucesso na Itália, desde então. Era véspera do feriado da Páscoa, do ano de 572.
A relação entre a colomba e a Páscoa também acontece porque este é um feriado religioso que celebra o renascimento de Cristo: uma época de perdão, de recomeços e, é claro, de paz. Não existiria, portanto, símbolo melhor para estas reflexões do que um bolo com este importante histórico.
A colomba pascal é um tipo de pão que lembra muito o panetone, no aspecto visual. Porém, ela diferencia-se desse por conter mais manteiga e ovos, e pelo uso mais acentuado de cascas de laranja cristalizadas, que substituem as uvas-passas do pão natalino. Entretanto, a melhor forma de identificá-la é mesmo por seu formato de pomba e, às vezes, de ovos de páscoa também.
De sabor suave e preparo delicado, a colomba conta com uma massa aerada e que tem, em seu recheio, algumas lascas de frutas secas – preferencialmente, a laranja cristalizada – e alguns cremes como o de chocolate. Antes de ir para o forno, ela recebe uma camada de calda feita com açúcar, amêndoa, raspas de casca de laranja e de casca de limão.
Quando a massa cresce, a cobertura se quebra, dando o aspecto craquelado tradicional da colomba. Por causa do formato, ela assa mais rapidamente e tem ponto delicado: se passar tempo a mais no forno, a cobertura amarga.
Assim que a colomba pascal sai do forno, é virada de ponta-cabeça. E fica virada até que esfrie, caso contrário, afunda. Enquanto está quente, a massa, caracterizada por grandes alvéolos – que é como os padeiros chamam as bolhas que resultam de uma boa fermentação –, não resiste nem ao peso da fina camada de calda de açúcar que a cobre.
Mas se a colomba e panetone são tão diferentes como os feriados em que são consumidos, por que ainda há pessoas que confundem os dois tipos de pão doce? A resposta está na história. Na primeira metade do século XX, o padeiro italiano Angelo Motta resgatou as duas receitas e passou a produzi-las de maneira comercial. O costume também chegou em dupla ao Brasil, nos anos 1970.
Tradicionalmente, na Itália, serve-se a colomba no café da manhã do Domingo de Páscoa, e o mesmo hábito se repete em outros países europeus. No Brasil, apesar de algumas famílias italianas repetirem a prática de seus antepassados, a colomba pascal pode ser servida como a sobremesa do almoço de Páscoa ou no tradicional chá da tarde com a família, acompanhada de saborosas xícaras de chá ou café.
A grande verdade é que não existe momento considerado correto ou ideal para servir este tipo de pão para seus convidados. Por isso, use a criatividade e saboreie esta tradicional iguaria pascal quando você julgar interessante.