O alimento produzido pelas abelhas vai além do uso na culinária, com propriedades terapêuticas reconhecidas e inúmeros benefícios à saúde
Quem não ouviu na infância da mãe ou avó, quando estava com dor de garganta ou tosse, para tomar uma colherzinha de mel? Pode até parecer uma crença boba antiga, mas um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, a partir dos resultados de catorze pesquisas que envolveram mais de 1 .700 pessoas, atestou que o mel age, sim, contra alguns sintomas de resfriado, como tosse e dor de garganta, sendo, inclusive, tão ou mais eficaz que os antibióticos.
Suas propriedades terapêuticas e sabor adocicado são explorados e apreciados pela humanidade há mais tempo do que se imagina. Pelo menos é o que mostra uma pintura rupestre de 8 mil anos, nas cavernas de Araña, em Valência, na Espanha, representando um homem pendurado em um cipó, tentando coletar, com esforço, o mel de abelhas selvagens em uma colmeia aparentemente inalcançável. Já na Mesopotâmia, a iguaria aparece em uma receita medicinal para feridas no corpo, de 2 mil anos a.C., que diz: “Moer até que a areia do rio vire pó e amassar com água e mel, azeite puro e óleo de cedro e aplicar quente”.
Ao longo de todo este tempo, o mel já teve inúmeras aplicações, inclusive algumas bem inusitadas. Na Antiguidade, o mel era um conservante de uso geral, para manter os alimentos, a pele e até os mortos embalsamados em bom estado. Na medicina da época, era um remédio poderoso, utilizado como anti-inflamatório e cicatrizante de feridas e queimaduras, além de entrar no tratamento de uma série de doenças, da gripe à fraqueza.
Mas o que leva o mel a ser este alimento com poder de cura? Além de ser constituído, em sua maioria, por hidratos de carbono – os chamados açúcares simples (glicose e frutose) –, ele é composto por água, minerais como cálcio, potássio, ferro, magnésio etc., vitaminas C, D, E e do complexo B, um teor considerável de antioxidantes (flavonoides e fenólicos), e, ainda, por ácidos orgânicos e aminoácidos. Este combo garante que o mel possua propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas, analgésicas e cicatrizantes, com inúmeros benefícios à saúde, como:
Defesa do Corpo: Seu caráter antioxidante auxilia na proteção do corpo, diminuindo os radicais livres e, assim, evitando o envelhecimento celular e prevenindo algumas doenças crônicas, como câncer e problemas cardíacos.
Melhora do colesterol: Um bom aliado para combater o colesterol alto, pois diminui os níveis de colesterol ruim (LDL) e aumenta o colesterol bom (HDL). Se consumido com frequência – de preferência em substituição ao açúcar refinado –, pode ajudar a diminuir os níveis de triglicerídeos, sendo, mais uma vez, benéfico ao coração, já que níveis elevados de colesterol e triglicerídios são fatores de riscos para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
Melhora da saúde gastrointestinal: Sua ação prebiótica contribui para a manutenção da microbiota intestinal (flora intestinal), nutrindo as bactérias benéficas do intestino, e, assim, combatendo a ação de micro-organismos ruins. Também se mostra eficaz no combate de algumas bactérias, por sua propriedade antibacteriana, como Escherichia coli, causadora de diarreia e infecções urinárias, e Helicobacter pylori, causadora de úlceras gástricas.
Efeito cicatrizante: Outro benefício de sua ação antibacteriana é que o mel pode auxiliar na cicatrização de feridas, queimaduras e abcessos na pele. Alguns micro-organismos causadores de infecções em ferimentos são sensíveis a esta ação antibacteriana do mel. Nestes casos, sua aplicação é tópica, diretamente na pele, como sugere algumas pesquisas.
Outros dos benefícios do mel são a redução da pressão arterial, por conta do potássio, que contribui para a eliminação do sódio no organismo; o combate a alguns problemas respiratórios causados por bactérias, graças a compostos como os flavonoides e os ácidos fenólico e glucônico; e a promoção de bem-estar e relaxamento, que pode reduzir a ansiedade e auxiliar na melhora do sono, já que o mel possui triptofano, um composto estimulador de serotonina.
Como inserir o mel na alimentação
O mel pode ser uma substituição saudável ao uso do açúcar refinado como adoçante, além de casar bem como acompanhamento de cereais, frutas, iogurtes, torradas etc., e servir até mesmo de molho de receitas agridoces para temperar peixes e carnes.
Mas cuidado com excessos. Apesar dos inúmeros nutrientes e benefícios, o mel é calórico e não deve ser consumido em exagero. Seu consumo diário pode variar entre uma colher de chá (10 gramas) a uma colher de sopa (25 gramas).