“Quando tudo for escuro e nada iluminar, quando tudo for incerto e você só duvidar…é hora do recomeço. Recomece a lutar.” O trecho da obra do poeta cearense Bráulio Bessa parece feito sob medida para inspirar a receita que o policial militar, professor e cozinheiro por hobby, nas horas vagas, Adalberto Correa Junior preparou para os leitores da revista do BigLar nesta edição. Feita com muito amor e dedicação, a deliciosa lasanha à bolonhesa, carinhosamente denominada de “Lutar”, reflete toda uma filosofia de vida baseada em determinação e força de vontade que desde muito cedo Junior aprendeu e hoje serve não só para os três filhos – Marcos Vinicius, de 22 anos, Hynara Gabriela, de 14, e Sarah Emanuelly, de 5 – como para toda uma nova geração.
Esporte para transformar vidas
O policial, que atua no BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais – há mais de 20 anos, formou-se também em Educação Física e atualmente conduz um projeto social denominado Judô BOPE, criado há oito anos e que atende gratuitamente cerca de 350 crianças e adolescentes. “Eu realmente acredito que o nosso futuro depende muito da forma como tratamos nossas crianças, e todos podemos fazer alguma coisa, seja através da educação ou das referências positivas, para melhorar nosso país”, destaca Junior. “Neste projeto, nós usamos o judô como um instrumento de transformação de vida, ajudando a formar bons cidadãos”, aponta. Vários participantes, inclusive, descobriram uma nova vocação para a vida e acabaram se tornando atletas de sucesso, como Luis Silva, um dos primeiros alunos do projeto e vencedor de medalha de ouro no Campeonato Brasileiro de Judô. “O nosso foco sempre foi transmitir a todos, especialmente às crianças, valores sociais de doutrina, educação, integração, respeito, disciplina, lealdade e outros, mas muitos começaram a se destacar nas aulas, então passamos a inscrevê-las nas competições também”, diz.
Determinação e afeto à mesa
A perseverança que transmite todos os dias para a garotada, o policial cedo teve também que adquirir. A receita da lasanha foi herança da mãe, só que, após o seu falecimento, e com o pai tendo que trabalhar em dobro para garantir o sustento da família, teve que passar a ajudar a cuidar dos irmãos e aprender a cozinhar para o dia a dia. Mas garante que tanto o estímulo e a força para a luta, para buscar o que deseja na vida, como o afeto trazido pela partilha dos bons momentos à mesa fizeram toda a diferença na sua formação e na vida que hoje leva. “São muitas lembranças felizes, tempos bons com nossa família, e sempre me recordo que meu pai me dizia que o importante não é vencer, e sim lutar todos os dias!”, completa.