Chocolate, cerveja, batata frita e waffle são ícones da gastronomia do país, seja pela qualidade ou pelo pioneirismo na criação da iguaria
A Bélgica pode não impressionar muito, ao ser observada no mapa, devido ao seu tamanho um pouco maior que o estado de Alagoas. Mas, além das paisagens de tirar o fôlego de algumas das mais belas cidades europeias, é na gastronomia que esse país de cerca de 10 milhões de habitantes conquista a admiração do mundo todo.
A gastronomia belga é, de certa maneira, o retrato das influências de países vizinhos, como a Alemanha, a França, os Países Baixos e a Suíça, mas logicamente com sua marca própria. Isso pode ser observado na boa quantidade de pratos regionais e que fazem sucesso com os turistas que chegam para visitar as cidades mais populosas da Bélgica, como Bruxelas – conhecida como a “capital gourmet da Europa” –, Bruges, Gent, Antuérpia, Anderlecht e Liège.
Mas como falar sobre a culinária belga sem citar as “quatro maravilhas da Bélgica”? Chocolate, cerveja, batata frita e waffle são os símbolos da gastronomia do país no imaginário internacional, seja pela excelente qualidade ou pelo pioneirismo na criação do prato ou da guloseima.
Chocolate, o ícone belga
O chocolate belga, por exemplo, é considerado o melhor do mundo. O país conta com mais de duas mil chocolaterias, que seguem à risca uma lei de 1884 que regula a composição do chocolate belga original e preserva a densidade do cacau e da manteiga de cacau em 35%. Isso garante a qualidade do que belgas e turistas consomem nas lojinhas espalhadas por todo país.
Aliás, conhecer as lojas e fábricas faz parte de um programa turístico inesquecível, a famosa “tour do chocolate”. Em Bruxelas, há centenas de chocolaterias que precisam ser visitadas, e algumas delas lembram até galerias de arte, em que os chocolates são tratados como obras-primas.
A mais famosa é a Chocolate Neuhaus, conhecida por ser a casa onde surgiu o praline, uma espécie de amêndoa caramelizada. A Neuhaus tem lojas espalhadas por todo o continente europeu, mas a mais bonita está em Bruxelas, na Galeries Royales Saint Humbert, um belíssimo prédio inaugurado em 1847.
Os chocólatras que pisam em solo belga devem também colocar no roteiro da visita a Chocópolis, a maior loja do ramo em Bruxelas. Localizada no centro da cidade, é o lugar em que os belgas compram chocolates de boa qualidade e com preços mais acessíveis. Outras chocolaterias pioneiras, como a Frederic Blondeel Chocolatier, a Pierre Marcolini, a Godiva e a Méert, são ótimos lugares para provar alguns dos melhores chocolates da Europa e conhecer a história fantástica da guloseima mais consumida do mundo.
O país da cerveja artesanal
As cervejas especiais belgas estão no imaginário de qualquer apreciador da bebida. O país é um verdadeiro paraíso para os cervejeiros, com mais de 1,5 mil variedades distribuídas em mais de mil cervejarias, a maioria artesanais, espalhadas por todas as regiões. Algumas dessas cervejarias são centenárias, e visitá-las faz parte de uma saborosa viagem no tempo.
Grande parte das cervejarias está na região de Flandres, na parte norte da Bélgica. Com uma tradição milenar na fabricação de cervejas por monges, a Abadia Sint-Sixtus é responsável pela trapista Westvleteren. Por ser uma bebida altamente nutritiva, as cervejas mais encorpadas eram fundamentais e serviam como alimentação nos momentos de jejum dos monges. Não é possível entrar na abadia e ver a forma de produção da bebida, mas o público pode provar as variedades da cerveja no café anexo ao mosteiro.
Em Bruxelas, também não faltam lugares para degustar uma cerveja. Uma parada obrigatória é o originalíssimo Poechenellekelder, com uma carta com mais de 90 tipos de cervejas e uma decoração divertida com bonecos e quinquilharias. Com mais de dois mil rótulos de cervejas no cardápio, feito que o colocou no Livro dos Recordes, o Delirium Café está próximo da Grand Place, praça central da capital. Ponto turístico da capital, o lugar é a casa da Delirium Tremens Beer, considerada a melhor cerveja do mundo e que tem como símbolo um elefante cor de rosa.
Mas a cidade considerada a capital da cerveja na Bélgica é a pequena Leuven, a 30 minutos de distância de Bruxelas. Lá nasceu a Stella Artois, marca belga de cerveja mais famosa internacionalmente e cuja fábrica pode ser visitada nos arredores de Leuven. No tour pela fábrica, a história da cervejaria e o processo de fabricação da bebida são contados. Além disso, existe a possibilidade, é claro, de degustar algumas taças de Stella Artois. Há, ainda, bares e cafés no centro da cidade, com vários tipos de cervejas artesanais.
Batatas fritas e waffles
Os belgas juram que são os criadores da batata frita. Por lá, elas são servidas bem crocantes e acompanhadas de molhos, principalmente o de maionese. As batatas fritas são enroladas em cones de papel e é fácil encontrá-las em barraquinhas nas esquinas, pois é a comida de rua preferida da população. Elas também estão presentes como acompanhamento em diversos pratos, como na receita moules frites, uma iguaria comum em muitos restaurante em que são servidas porções de mexilhões coberta por caldo.
Comida de rua também muito habitual nas cidades belgas, o waffle (ou gaufre, a depender da região do país) é um dos doces mais tradicionais da Bélgica. Existem dois tipos principais: o de Bruxelas, que é retangular e servido com caldas, sorvetes e frutas; e o de Liège, que mais massudo, doce e arredondado, evando açúcar cristalizado.
Para Degustar
• Chicória Gratinada: Rolinhos de endívias e presuntos cobertos por molho branco e queijo Gruyere;
• Croquete de Camarão Cinza: Comum nos restaurantes de frutos do mar, os camarões cinzas estão presentes em diversos pratos;
• Almôndegas: Mistura de carne suína e bovina, elas são servidas e feitas de maneira diferente a depender da região da Bélgica;
• Stoemp: Purê de batatas com cebolas e aipo, o prato leva ainda adicionais como ovos fritos, bacon, peixe ou salsicha;
• Ensopado Flamengo: a carne é fervida lentamente em cerveja, e, para engrossar o molho, são utilizadas cebolas, pão com mostarda e temperos;
• Speculoos: Biscoito tradicional que pode ser comido puro ou então servido com sorvetes ou outros doces.