Variedade reconhecida por produzir vinhos tintos de cor intensa e encorpados a Cabernet Sauvignon é admirada por entusiastas da bebida no mundo todo

Conhecida dentro da cultura vitivinícola como a “rainha das uvas tintas”, a Cabernet Sauvignon é a variedade mais amplamente produzida e consumida em todo o mundo. Originária de Bordeaux, tradicional área de produção de vinho no sudoeste da França, em poucos séculos essa casta conquistou os terroirs de várias regiões produtoras do mundo, além de ganhar uma data própria, o Dia Internacional da Cabernet Sauvignon, a ser comemorado, em 2023, no dia 30 de agosto.

Estima-se que sua área de plantio cubra mais de 290 mil hectares, abrangendo, entre outros lugares, regiões como a californiana Napa Valley, a chilena Valle del Maipo, o sul da Austrália, a italiana Toscana, a sul-africana Coastal Region, as brasileiras Serra e Campanha Gaúcha e, até mesmo, as chinesas Ningxia e Shandong. “Hoje, ela é considerada a rainha das uvas pela sua adaptabilidade aos diversos solos e climas e por seu intenso cultivo por todo o mundo”, afirma o sommelier Luiz Roberto Correa Lima, do BigLar.

combinações para compor uma mesa de vinhos

Sucesso de Bordeaux

Com vinhos tintos de cor intensa, encorpados, com alta acidez e taninos acentuados, a chave do sucesso dos rótulos de Cabernet Sauvignon é serem amados tanto por produtores quanto por apreciadores da bebida. Segundo historiadores, a casta teria surgido há, no mínimo, cerca de 600 anos, com o cruzamento natural da tinta Cabernet Franc com a branca Sauvignon Blanc, resultando em uma combinação ideal de quantidade e qualidade.

A primeira menção a essa variedade foi ainda sob o nome de Petit Cabernet, em um livro da segunda metade do século XVIII. A consolidação da Cabernet Sauvignon, no entanto, aconteceu em 1855, quando com a ajuda de especialistas em vinhos, à pedido do imperador Napoleão III – um grande entusiasta da bebida –, foi feita a Classificação dos Vinhos de Bordeaux, os chamados Premiers Crus Classés. A ideia era apresentar os vinhos franceses na Exposição Universal de Paris, um evento realizado com o objetivo de exibir o melhor do país para a comunidade internacional.

Essa classificação incluiu os vinhos de duas sub-regiões distintas de Bordeaux: Medoc, conhecida pelos vinhos tintos mais renomados e prestigiados, e Graves. Dentro dos Premiers Crus Classés de Bordeaux, há cinco vinícolas que são apontadas como as principais e que receberam a nomeação de Premiers Crus, sendo elas: Château Lafite Rothschild, Château Latour, Château Margaux, Château Haut-Brion e Château Mouton Rothschild.

“Isso se consolidou numa jogada comercial de grande sucesso. A Cabernet Sauvignon é a base dos cinco Premiers Crus Classés de Bordeaux, que estão entre os vinhos mais caros e notórios do mundo. E esse ‘case de sucesso’ é a mola propulsora do interesse de produtores pela Cabernet Sauvignon desde meados do século XIX”, afirma Luiz Roberto.

saca rolhas de vinho

Sabores e aromas dos vinhos 

Os vinhos produzidos a partir dessa casta possuem sabores e aromas diversos, de notas frutadas de amora, mirtilo, cassis, groselha, cereja e ameixa e também notas de herbáceos, como menta, eucalipto, louro, alecrim e pimentão, além de nuances amadeiradas, como chocolate, cedro e tabaco. “As gamas e os estilos de vinhos elaborados com a Cabernet Sauvignon são enormes, e o conjunto de sabores varia muito de uma proposta para outra”, explica o sommelier do BigLar.

Ainda segundo Luiz Roberto, esses são vinhos bem estruturados, com bom corpo e concentração. “Seus taninos são potentes, sendo necessário domá-los para amaciar e equilibrar os três principais elementos do vinho, que são a acidez, o tanino e o álcool.” Já sobre a cor, ele conta que, quando jovem, a bebida apresenta uma coloração “rubi profunda com tons violáceos, mas, com o passar do tempo na garrafa, ganha aspectos acastanhados”.

Outra característica comum dos melhores rótulos de Cabernet Sauvignon é o envelhecimento. A bebida estagia em barris de carvalho, um procedimento realizado para atenuar os taninos e aumentar a complexidade do vinho. Depois dessa passagem por barricas, as garrafas ainda descansam por certo período, que varia de acordo com a proposta do produtor. “Quando o produtor busca um vinho mais elegante e complexo, ele aumenta o tempo de guarda, e quando ele quer um vinho mais exuberante e intenso, esse tempo é mais curto, mas sempre envelhecido”, explica o sommelier.

plantação de vinhedo