Considerado uma das sete maravilhas gastronômicas de Portugal, o pastel de Belém foi criado no século XIX e faz sucesso até hoje entre portugueses e turistas

Uma massa dourada com recheio cremoso e levemente tostado por cima, capaz de preencher a boca com um sabor extremamente agradável. Assim é o pastel de Belém, o doce de sabor sublime mais famoso de Lisboa e quiçá, de todo Portugal.

Presente em vários países, este doce português é aquele tipo de comida capaz de fazer um afago em quem o degusta. Servido quentinho, com açúcar, canela ou ambos polvilhados por cima, ele tem o dulçor na medida certa, o que faz com que você queira comer mais de um.

Saborear os pastéis de Belém é muito mais do que apenas degustar um doce. É experimentar um pouco de história, tradição e costumes do povo português. Um sabor que se espalhou pelo mundo, ganhou adaptações e em 2011 se tornou uma das sete maravilhas da gastronomia de Portugal.

Fábrica de pastel de Belém em Lisboa

O início desta delícia

A origem deste doce tipicamente português começa lá no século XIX em um ponto turístico na antiga cidade de Belém, hoje um bairro da capital do país, Lisboa. O doce surgiu da necessidade de aproveitar a gema dos ovos, uma vez que a clara era utilizada para fabricação de hóstias e para engomar as roupas.

A história diz que em 1834, com a Revolução Liberal do Porto, os conventos e mosteiros portugueses foram fechados. Para sobreviverem, os clérigos do Mosteiro dos Jerônimos começaram a fazer um doce com leite e ovos. Esse doce era vendido e o dinheiro ajudava na sobrevivência deles. 

Naquela época, Belém era distante da cidade de Lisboa. Contudo, a imponência do Mosteiro dos Jerônimos e da Torre de Belém atraíam visitantes que criaram o hábito de saborear os deliciosos pastéis originários do mosteiro.

Já em 1837, a receita secreta foi vendida para Domingos Rafael Alves, dono de uma refinaria de açúcar, que começou a fabricação e venda dos pastéis na loja “Pastéis de Belém” ao lado do mosteiro. A Torre de Belém, que fica próxima ao mosteiro, atraía muitos visitantes, o que contribuiu para que o doce ganhasse fama. 

A receita mantém-se igual à original até aos dias de hoje, conseguindo proporcionar o paladar da antiga doçaria portuguesa. Os mestres pasteleiros, como são chamadas as pessoas que produzem os pastéis de Belém, assinam um contrato de confidencialidade e se comprometem em manter em sigilo o modo de preparo de um dos doces mais famosos de Portugal. 

Segundo o site Taste Atlas, “apenas os pastéis de nata produzidos na Fábrica Pastéis de Belém podem ser denominados pastel de Belém, enquanto todos os restantes, produzidos por outras pastelarias de Lisboa são denominados pastel de nata”.

Em 2009, o jornal The Guardian listou o pastel de Belém como uma das 50 melhores comidas para se degustar no mundo.

Oficina do Segredo

A receita original é guardada no mais absoluto segredo, tanto que os pastéis são fabricados na chamada “Oficina do Segredo”. O zelo pela receita original, criada por monges, é tamanho que tanto a receita quanto o nome foram patenteados. 

Sendo assim, os pastéis de Belém só são produzidos na “Pastéis de Belém”, assim como Champanhe é um espumante que só pode ser produzido na região de Champagne, na França e cachaça é o nome utilizado para aguardente feita a partir da cana de açúcar. Todos produtos únicos no mundo.

PASTEL DE BELÉM

Curiosidades e Tradição

Portugal é um país repleto de tradições e tem um ditado português que diz que “noiva que come pastel não tira o anel”. Por isso, não é incomum ver noivas e noivos, ainda trajados com as roupas do casamento, na pastelaria, após a cerimônia. Já se tornou uma espécie de tradição, no dia do casamento, dar uma passadinha por lá e se deliciar com o doce.

O sucesso é tão grande que são vendidos diariamente, em média, 20 mil pastéis de Belém para turistas e moradores. Nos  fins de semana, este número pode duplicar. Difícil resistir, não é mesmo?

Ao visitar a “única fábrica de pastéis de Belém” é possível consumir no local ou levar para comer em casa ou no hotel. O turista ainda consegue comprar alguns souvenirs como lembrança e visitar a fábrica. Todavia, a receita continua guardada a sete chaves.