Uma bebida de características próprias e resultado de um processo de fabricação único no mundo vitivinícola, assim é o vinho da Ilha da Madeira. Bebida predileta de Thomas Jefferson, esteve nas taças durante o brinde celebrativo da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, na data histórica de 4 de julho de 1776.
Os rótulos produzidos na Ilha da Madeira, um arquipélago no Oceano Atlântico a mil quilômetros de distância da costa de Portugal, são conhecidos mundialmente como vinhos fortes, com graduação alcoólica que variam de 17 a 22%, e de aspecto licoroso, explicado pelo alto teor de açúcar.
Na Europa, os vinhos com a Denominação de Origem Protegida (DOP) da Madeira são amados pelos enófilos de plantão. Dos mais de 30 mil hectolictros produzidos em 2022, cerca de 70% ficou nos países da União Europeia. Uma boa parte, no entanto, nem chega a sair do território madeirense e acaba na taça dos próprios moradores e turistas que desembarcam anualmente na “Ilha Dourada”.
Não deixe de provar
Henriques & Henriques Madeira 10 Years Old Sercial
Henriques & Henriques Madeira 5 Years Old Finest Medium Rich
Henriques & Henriques Madeira 5 Years Old Finest Medium Dry
Henriques & Henriques Madeira Medium Dry
Henriques & Henriques Madeira Full Rich
harmonização
Para que a apreciação dos vinhos da Madeira seja uma experiência completa, o BigLar traz algumas dicas de harmonização à mesa. Os tipos secos são ótimos com aperitivos como azeitonas, peixes defumados (salmão, atum), sushis e queijos frescos, de cabra ou ovelha.
As azeitonas também estão presentes no cardápio ao lado dos Madeira meio seco, que harmonizam perfeitamente com torradas, presunto serrano, carnes exóticas defumadas, sopas e até foie-gras de patê de pato ou ganso.
Já chocolate ao leite, bolos de creme e mel, tortas de fruta, biscoitos de manteiga e chocolate escuro são ideais para acompanhar os tipos meio doce e doce, além de queijos variados, como Serra, Serpa, Azeitão, Rabaçal, Danish Blue, Roquefort, Stilton e Gorgonzola.
Terroir madeirense
Descoberta ainda no século XV por navegadores portugueses em busca do “Novo Mundo”, a Madeira é formada por duas ilhas habitadas – Madeira e Porto Santo – e algumas ilhotas selvagens, tem solo de origem vulcânica (argiloso), geografia montanhosa com vários pontos a mais de 2 mil metros de altura, com profundos vales e falésias em toda a extensão costeira. Dos pouco mais de 740 km², cerca de apenas 500 hectares estão separados para os vinhedos.
Além disso, o clima de verões quentes e úmidos e invernos amenos, com intensa incidência solar o ano todo, também propiciam que o terroir madeirense seja um dos mais singulares do mundo. A ilha, ainda, apresenta diferentes microclimas que variam de um polo a outro.
Mas é no processo de envelhecimento da bebida, conhecido como “estufagem”, que está o seu maior diferencial. Feita exclusivamente na ilha lusitana, a técnica começa após o suco ser prensado e fermentado rapidamente. O líquido é fortificado com álcool vínico a 96 ºC e acondicionado em cubas de aço inox, as “estufas” aquecidas por um sistema de serpentina, com água quente a 45º C, durante um período de três meses.
Depois disso, a bebida permanece em estágio por 90 dias em temperatura ambiente, podendo seguir em inox ou passar para o Canteiro, onde ocorre um envelhecimento oxidativo, em uma estrutura vertical de cascos de carvalho, desenvolvendo características únicas, aromas intensos e complexos.
A estufagem remete ao início da exportação do vinho madeirense, quando ele se tornou um dos mais apreciados no mundo e a Madeira uma parada obrigatória para navegadores que iam para a África, Índia ou Américas. Os tonéis de vinhos eram transportados nos porões dos navios pelos oceanos, em trajetos longos e com constantes paradas nos portos, o que submetia a bebida a altas temperaturas.
Quando retornavam à ilha, os vinhos não comercializados eram provados. Os produtores, ao observarem que eles eram realmente muito bons, deduziram que os “Torna Viagem” (primeiro nome dado aos vinhos da Madeira) se beneficiavam do calor constante durante o transporte nos porões e tornavam-se melhores.
Características do Madeira
O sommelier explica, ainda, que os vinhos são loteados para constituir as diferentes gamas, ou seja, se serão classificados como “Colheita”, com no mínimo cinco anos de envelhecimento, ou como “Garrafeira”, quando ocorre, ao menos, 20 anos desse processo.
A casta Tinta Negra é a mais utilizada pelos produtores por causa de sua completa adaptação ao terroir madeirense. Ela é responsável por mais de 80% da produção dos vinhos da Madeira e está muito presente nas vinícolas localizadas ao sul da ilha, adaptando-se muito bem ao solo vulcânico. O restante da produção é dividido em variedades como Sercial (Esgana Cão), Verdelho, Boal, Malvaisa e Terrantez.
Algumas das características dos vinhos da ilha portuguesa são os sabores de especiarias, aromas intensos, frutas cristalizadas, mel e melaço de cana. Sua coloração varia do amarelo muito pálido e do dourado até o rubi escuro, contendo boa acidez, excelente frescor, sabor rico, denso e complexo. O vinho Madeira é um vinho singular e todo bom enófilo deve prová-lo.
Não deixe de provar
Henriques & Henriques Madeira Medium Rich
Henriques & Henriques Madeira Monte Seco
Henriques & Henriques Madeira Special Dry
Henriques & Henriques Madeira Rainwater
Justino’s Madeira Doce
Justino’s Madeira Seco
Servir e armazenar
A temperatura ideal para servir o vinho Madeira fica entre 13 ºC e 14 ºC para as bebidas mais jovens. Já os vinhos com maior tempo de envelhecimento, devido a sua grande complexidade, devem ser servidos a uma temperatura que varia entre 15 ºC e 16 ºC. O armazenamento deve ser feito em adegas climatizadas a 14 ºC, e depois de aberta, a garrafa deve ser colocada na geladeira na posição vertical, com o prazo máximo de consumo em 30 dias.