Queridinho pela nova geração e em popularização no Brasil, o gin se destaca como integrante principal de drinks icônicos
Um integrante clássico da mixologia mundial e sempre muito festejado em bares, danceterias e casas noturnas, o gin tem ganhado espaço novamente entre os adeptos de um bom drink após um período em baixa nas primeiras décadas do século XXI. A famosa bebida alcoólica destilada ganhou o paladar e o coração da juventude, especialmente o pessoal da geração Z, aqueles nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e 2010, que provam e aprovam coquetéis como Gin Tônica, Dry Martini, Negroni, French 75 e muitos outros.
Essa presença marcante do gin nos hábitos etílicos pode ser observada na leitura dos números do mercado de bebidas, que revelam uma alta na venda, principalmente a partir da segunda metade da década passada. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontou um crescimento de 111% nos anos de 2016 e 2017 no consumo desse destilado no país, e de acordo com a consultoria Nielsen Scantrack, registrou-se um crescimento de 101,5% no volume de vendas de gin em 2020 em comparação com o ano anterior. Até 2026, a expectativa é de que o volume em litros vendidos chegue a 35,1 milhões, quase três vezes mais do que os 13,1 milhões de litros de 2021.
O gin foi criado pelo médico e professor holandês Franciscus de la Boie, em 1650. O estudioso foi levado, durante uma pesquisa para um diurético para dores renais, a formular um receita que unisse ao destilado de cereais o zimbro, um fruto (baga) de cor arroxeada e utilizado no tratamento para problemas estomacais. O nome da bebida deriva de “genever” (zimbro, em holandês). O gin foi parar na Inglaterra pelas mãos de soldados britânicos em passagem pela Holanda. A bebida de preço acessível e forte teor alcoólico era muito utilizada para espantar o intenso frio, sendo uma grande aliada dos soldados nos campos de batalha na Guerra dos Trinta Anos.
Redescoberta no mundo
E essa “redescoberta” do gin está longe de ser uma exclusividade brasileira e não é de agora. A Espanha, já no ano de 2013, era a primeira colocada em consumo da bebida na Europa, com um crescimento de 18% na demanda no início da década passada. No mundo, o consumo saltou de 454 milhões de litros para 732 milhões entre 2016 e 2021, segundo dados da Euromonitor. Mas por que o gin retornou em grande estilo?
Um dos motivos apontados por especialistas em coquetelaria é que, com o aparecimento de mais produtores ao redor do mundo, a bebida ficou mais plural, indo além da adição das especiarias e botânicos (insumos naturais) mais comuns e que fizeram o sucesso do destiladores ingleses de gin clássico, donos das marcas mais conhecidas. Produtores brasileiros, por exemplo, ganharam destaque ao adicionarem “brasilidade” em suas receitas, com sabores como: açaí, guaraná, erva-mate, laranja-bahia, café e pitanga.
Alia-se a essa flexibilidade de combinações diferentes do gin, questões como o uso de botânicos, o que o faz ser uma bebida orgânica e natural, uma tendência de consumo entre os mais jovens, que também levaram os drinks feitos com gin para a beira da piscina, favorecendo a onda das festas e happy hour à luz do sol, uma moda que fortaleceu-se no pós-pandemia.
Para completar essa aceitação do gin entre a nova geração, outro ponto muito levado em conta pela turma fitness: a baixa caloria. Ele é conhecido como o destilado mais “magro”, pois uma dose de 30 ml de gin tem 60 calorias, a metade de um shot de tequila. Ou seja, a dieta não é desculpa para deixar de provar alguns drinks em uma roda de bate-papo com os amigos.
Drinks famosos
É notável a importância do gin para a coquetelaria moderna devido à sua versatilidade. A natureza aromática, influenciada pelos botânicos, permite que ele seja a estrela de uma ampla variedade de drinks. Conheça a seguir alguns das bebidas mais icônicas com gin espalhadas pelos cardápios dos bares do mundo todo:
Gin Tônica: mais famoso dos drinks com gin, a mistura da bebida destilada com o refrigerante refrescante de gosto amargo, adicionado de gelo e especiarias, foi motivada pelo combate à malária na Índia e tem como protagonistas os soldados a serviço da realeza britânica. Por exalar um forte odor na pele, a quinina (substância da água tônica) era ingerida para afastar o mosquito que transmite a doença. Como o amargor causava náuseas e vômitos, os combatentes ingleses decidiram adicionar açúcar, limão-siciliano e gin.
Negroni: de origem italiana e de fácil preparo, é feito de gin, vermute e Campari, ganhando ainda como enfeite à beira do copo uma casca de laranja. A história do nome vem do Conde Camillo Negroni, frequentador assíduo do Caffé Casoni, em Florença, e a bebida foi criada especialmente para ele pelas mãos do bartender da casa.
Dry Martini: conhecido mundialmente como o “rei dos drinks”, foi criado em 1912 em Nova York, pelo barman chamado Martini di Arma, que preparou pela primeira vez a versão atual da bebida para o magnata Rockefeller, no famoso Knickerbocker Hotel. A receita leva vermute, gin e twist de limão-siciliano, além da clássica azeitona.
French 75: a bebida francesa homenageia no nome um canhão de 75 milímetros, utilizado na Primeira Guerra Mundial pelo exército da França. O drink ganhou popularidade, principalmente nos Estados Unidos, ao aparecer em cena no filme “Casablanca”, em 1942.
5 principais tipos de gin
Clássico: também conhecido como London Dry Gin, tem toque majoritário de zimbro e é considerado gin seco;
Cítrico: é aquele com especiarias de frutas cítricas, como tangerina, laranja, limão e grapefruit;
Herbal: nesse caso, as especiarias são ervas, como: hortelã, manjericão e alecrim;
Floral: produzido com características de certas flores e frutos, como: violeta, cassis e uva verde;
Especiado: abrangente e com uma variedade de sabores e aromas, leva especiarias como pimenta, coentro e canela.