Embora o público em geral associe os vinhos tintos a uma bebida com maior complexidade, os vinhos brancos apresentam características únicas, conquistando tanto paladares exigentes quanto os mais curiosos em busca de novas experiências. Uma das castas mais reconhecidas internacionalmente por sua qualidade, a Chardonnay (pronuncia-se Char-do-nê) é “a” uva branca por excelência.
Originária da Borgonha, região histórica no centro-leste da França e também casa do tinto Cabernet Sauvignon, “A Rainha das Uvas Brancas” se adaptou bem a diversas regiões vinícolas, desde climas frios até áreas mais quentes, o que contribuiu para sua popularidade global. A Chardonnay é cultivada na Borgonha, Champagne (França), Itália, Califórnia (Estados Unidos), África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Argentina e Brasil.
Uma espécie que é resultado de um cruzamento natural entre a Pinot Noir e a casta Gouais Blanc, a uva tem seu nome inspirado em um vilarejo de mesmo nome perto de Uchizy, na região de Mâcon, no sul da Borgonha. A Chardonnay é reconhecida desde o século XVI e, além dos famosos vinhos de primeira qualidade, é utilizada para a produção de espumantes e vinhos de sobremesa.
Curiosidades
Chardonnays produzidos na Borgonha podem levar mais de 10 anos para atingir seu pico de complexidade;
A Chardonnay da região de Champagne é normalmente colhida nos estágios iniciais de maturação, o que gera vinhos com maior acidez;
Na Califórnia, são tradicionalmente armazenados em barricas de madeira, dando origem a vinhos encorpados e com teor alcoólico mais elevado;
Chardonnays australianos são feitos normalmente a partir de um blend das uvas produzidas em várias regiões diferentes do país;
Pela América do Sul, os vinhos de Chardonnay resultam em bebidas com toques mais frutados.
Adaptável a diferentes terroirs
A resposta-chave para todo esse sucesso pelo mundo está na versatilidade. Adaptável e maleável a diferentes tipos de terroirs, com solos e climas totalmente diferentes entre si, essa cepa consegue, desse modo, expressar o máximo de sua personalidade, o que permite a produção de vinhos variados, desde os mais frescos e frutados aos mais complexos e encorpados.
“Por exemplo, em solos com base em calcário, como na região de Chablis, na França, são originados vinhos frescos, jovens, com acidez generosa e aromas com toques minerais, cujo a qualidade é singular. Já em regiões de clima quente e solos argilosos, temos vinhos extremamente cremosos, aromáticos e volumosos, de sabor envolvente que agrada aos mais exigentes paladares no mundo inteiro”, explica Valdeir Alves Damacena Júnior, sommelier do BigLar.
“Além disso, a Chardonnay é a base de muitos dos melhores vinhos espumantes do mundo, como o Champagne. Sua capacidade de envelhecer bem e dar origem a aromas complexos ao longo do tempo contribui mais ainda para essa fama”, continua o sommelier.
Características marcantes
Graças ao efeito terroir, que é a soma dos fatores de onde o vinhedo está plantado, os vinhos feitos com a Chardonnay apresentam uma ampla gama de sabores e aromas, que variam bastante dependendo da região, período da colheita, técnica de vinificação e do envelhecimento, colocando em cada taça de uma experiência peculiar. O vinho Chardonnay produzido em regiões mais frias, por exemplo, costuma apresentar notas de maçã, que geram bebidas com maior acidez.
Já bebidas desenvolvidas em lugares de clima mais quente, notas de manga, melão, abacaxi, pêssego e outras frutas tropicais conseguem despontar, enquanto tons cítricos (limão, lima, toranja e tangerina) estão especialmente em vinhos jovens e frescos. Há, ainda, vinhos Chardonnay com traços de notas florais. “Em vinhos envelhecidos em carvalho, podem aparecer notas de baunilha, chocolate branco, noz-moscada, canela e nuances amanteigadas e tostadas”, esclarece Valdeir Junior.
É nas regiões do Vale dos Vinhedos e da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul, onde a produção brasileira de Chardonnay mais se sobressai, com vinhos que variam dos leves aos mais robustos, com a apresentação de aromas de frutas cítricas e tropicais. Valdeir Junior destaca a “qualidade gritante” dos vinhos espumantes feitos com base nessa cepa nos vinhedos gaúchos.
“Os nossos espumantes estão cada vez mais impressionando especialistas ao redor do mundo e colecionando prêmios importantes nacionais e internacionais. Muitos desses destacam o espumante brasileiro como o principal do Hemisfério Sul, e um dos melhores do mundo”, afirma o sommelier.
Harmonização com Chardonnay
Os vinhos Chardonnay têm amplo repertório de harmonização enogastronômica. Queijos de pasta cremosa, como brie e camembert, e as muitas variações de queijos de cabra, combinam com vinhos mais leves, de paladar fresco e com notas de frutas tropicais, enquanto queijos mais curados, que passam por um processo de maturação de pelo menos 30 dias, como o brasileiro Canastra, o italiano Parmesão e o holandês Gouda, harmonizam com Chardonnays mais encorpados.
Outras dicas de Valdeir Junior de pratos combinados com taças de Chardonnay são massas com molho branco ou à base de manteiga, como o Fettuccine Alfredo, e peixes e frutos do mar, principalmente camarões grelhados, salmão e ostras frescas, sendo esta última, aliás, uma harmonização clássica com os vinhos produzidos em Chablis. Aves como frango e peru, assados ou ao molho, também são perfeitos na hora da harmonização com vinhos brancos.
“Agora, harmonizar vinhos de Chardonnay com sobremesas pode ser uma experiência incrível. Tortas de limão ou torta de maçã combinam muito bem. Sobremesas cremosas como creme brûlée e panna cotta, sorvetes de frutas, chocolate branco e queijos acompanhados de frutas secas e compotas são opções de combinações espetaculares”, completou o sommelier do BigLar.
Enoturismo na Puglia
• 1 Kaiken Ultra Chardonnay (Argentina)
• 2 Juan Carrau Reserva Chardonnay (Uruguai)
• 3 De Martino Tres Volcanes Chardonnay (Chile)
• 4 Louis Jadot Chablis (França)
• 5 Famiglia Zonin Chardonnay Friuli (Itália)
• 6 Giesen Hawke’s Bay Chardonnay (Nova Zelândia)