Movimento internacional, o Outubro Rosa nasce como uma ferramenta para a conscientização da população mundial sobre o câncer de mama. A campanha foi criada no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure para promover ações ao redor do mundo que compartilhassem informações sobre a doença. Além disso, a data tem o objetivo de proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento.
“A campanha do Outubro Rosa ainda é muito importante. Ela foi um marco nas campanhas de prevenção utilizando cores. Ela surgiu fora do país, nos Estados Unidos. E de lá para cá, ela se disseminou e hoje a maioria da população sabe muita coisa sobre o câncer de mama [graças à campanha]”, afirma o médico oncologista André Crepaldi.
Como explica o médico, o câncer de mama é causado quando uma célula do tecido mamário perde o controle, sofre alterações e se multiplica desenfreadamente, ocasionando um ou mais nódulos na mama. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é o segundo tumor mais comum entre as mulheres.
Para ajudar os leitores do BigLar a estarem atentos aos cuidados, André Crepaldi fala sobre as causas, os fatores de risco, além de trazer alguns cuidados que devem ser tomados para a prevenção da doença.
Atenção às causas
As causas são multifatoriais e podem estar relacionadas a questões de hereditariedade, envelhecimento, debilitações da saúde, entre outros. Vale lembrar que, embora homens possam desenvolver o câncer de mama, a incidência é muito mais alta em mulheres. Além disso, segundo André Crepaldi, de 10 até 15% dos casos são hereditários.
“Vários fatores podem levar essa célula a ter alterações. Geralmente, a incidência do câncer, de modo geral, aumenta com a idade, [a partir] de 50 anos. [Mas] hoje em dia, em torno de 20 a 25% dos casos são abaixo de 50 anos. […] A gente sabe também que a obesidade é um fator que aumenta em até mais de 20% o risco de desenvolver câncer”, fala o oncologista.
De acordo com Crepaldi, a menstruação precoce ou a menopausa tardia são alguns exemplos de fatores de risco, visto que a mulher fica mais tempo exposta aos hormônios. Além disso, gravidez tardia, uso de anticoncepcional, terapia de reposição, excesso de bebida alcoólica, obesidade e sedentarismo podem aumentar as chances de desenvolvimento da doença.
Como identificar a doença?
Fazer o acompanhamento médico é indispensável para ter um diagnóstico precoce. E, caso a pessoa seja diagnosticada precocemente, as chances de cura podem chegar a 95%, segundo informa a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).
“A identificação do câncer de mama pode ser feita por meio de exames de imagem. A mulher vai ao médico, que examina e solicita os exames. Muitos nódulos são detectados nessa fase que a gente chama de rastreamento. Por isso, [é importante] solicitar exames de mulheres que não estão sentindo nada para acompanhar e ver se conseguimos encontrar precocemente algumas alterações. […] A mamografia e a ultrassonografia são os exames de imagem que identificam cedo pequenas lesões que muitas vezes nem são palpáveis”, explica André Crepaldi.
E tem alguma maneira de prevenir o câncer de mama?
Não há uma solução para a prevenção, visto que alguns fatores de risco não podem ser controlados, como é o caso das questões hereditárias. No entanto, há alguns hábitos que podem ser incluídos na rotina e que ajudam a diminuir os riscos de desenvolvimento da doença.
“A amamentação é um fator de proteção. Sabemos que mulheres que amamentam reduzem o risco de desenvolver o câncer de mama. Não elimina [as chances], mas [o risco] é um pouco menor se comparado à população que não amamenta”, afirma o oncologista.
Conforme ressalta André Crepaldi, “as práticas ideais de prevenção, de modo geral, são as que levam à prevenção de outras doenças. Entre elas, manter o peso adequado. A obesidade é ruim para o coração, para o cérebro e para vários tipos de câncer. Ter uma atividade física regular pelo menos três vezes por semana [por] trinta minutos já é um grande aliado da prevenção, reduzindo bastante os riscos de desenvolver um câncer”.
Além disso, o médico destaca a importância da alimentação saudável. Para o oncologista, é fundamental reduzir os industrializados, os enlatados e as frituras, e priorizar as frutas e as verduras. Ter uma dieta com bons alimentos melhora a saúde do coração, desinflama o corpo e diminui as chances de desenvolver um câncer.
Crepaldi, porém, alerta: “Não pode ser radical também. De vez em quando, em um fim de semana e em algumas situações, [é possível] sair dessa dieta, mas [apenas] se você somar isso a uma alimentação regulada na grande maioria dos dias e fazer atividade física”.
Mais que os hábitos que podem ser incluídos no dia a dia, o oncologista chama atenção para a detecção precoce como parte da prevenção do câncer de mama. Por essa razão, André Crepaldi indica o acompanhamento médico anual e a realização de mamografias e dos exames em geral.
André Crepaldi
Médico e mestre em especialização em Oncologia e Hematologia, André Henrique Crepaldi é o fundador do Centro de Pesquisa Clínica da OncoLog que tem como objetivo contribuir para os avanços da Oncologia. A humanização está enraizada na equipe OncoLog, que tem unidades parceiras em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Primavera do Leste.